sábado, 23 de outubro de 2010

PRA FRENTE BRASIL!


O Cineclube Universitário exibiu mais um filme: “Pra frente Brasil”, dirigido por Roberto Farias. A exibição contou com a presença de acadêmicos de diferentes cursos da UFFS e também com o Professor Vicente Neves da Silva Ribeiro, do colegiado de História, que conduziu o debate após o filme.
Em uma hora e trinta minutos vimos uma pequena parte do que foi o período da ditadura no Brasil, este país de que temos orgulho apenas em época de Carnaval ou de Copa do Mundo. O filme abordou sérias questões, pois enquanto as pessoas comemoravam os jogos do Brasil na Copa, em busca do tricampeonato, outras, inclusive pessoas inocentes, sofriam com as piores torturas de um período que ficará para sempre gravado na memória de nosso país.
Nesse contexto, percebemos o quanto o “poder” falava alto (e ainda fala), pois milhares de pessoas trabalhadoras, comuns, continuam sendo “mandadas”, sendo julgadas por uma minoria que deveria diminuir o “terror” e não aumentá-lo ainda mais. Esse poder  que passa por cima de todas as regras, de tudo e de todos para se fortalecer, para tirar o emprego do pobre e entregar ao rico, essa tortura oculta que nos deixa sem saída senão viver sob aquelas ordens.
Porém, onde fica nossa liberdade? Doce ilusão de acharmos que somos completamente livres, claro não vivemos presos, mas somos “escravos sem dono”, trabalhamos dia após dia para no fim do mês recebermos pouco, o que nem suprirá nossas expectativas, pois é nessa sociedade que muitos brasileiros vivem.
Em nosso Brasil temos segurança realmente ou vivemos com medo do outro? Segurança, esta palavra que muitas pessoas nem sabem o que significa, afinal, desde o começo da década de 80, do período ditatorial, poucas pessoas no país tem segurança, e todos vivem em meio a uma constante guerra em busca de dinheiro e poder.
O filme também abordou a questão do conformismo de algumas pessoas perante tudo que estava acontecendo naquela época de ditadura. Durante o debate, o convidado especial, professor Vicente Ribeiro, observou que a posição de neutralidade não é considerada tão neutra assim, afinal, assumir essa posição é estar do lado do mais forte, é assumir uma posição de ignorância, de medo de se expressar. Além disso, desenvolveu uma crítica contundente à mídia, que só abordava aquilo que era bom na época do regime militar, como os jogos vitoriosos do Brasil, sem ao menos tocar no sofrimento que a ditadura estava proporcionando.
Ao final do debate, o professor Vicente também nos levou a refletir sobre a ética, considerando o contexto daquele tempo, onde nem mesmo as autoridades assumiam suas responsabilidades para com a sociedade: lutar contra o regime, com o objetivo de transformar a sociedade para melhor, arriscando a própria vida, ou fingir que nada estava acontecendo? São questões difíceis de serem respondidas, especialmente por aqueles que não viveram os anos de chumbo. E hoje, em nossa sociedade democrática, não há motivos para lutar? Será que não estamos da mesma forma, fingindo que está tudo bem?


Ana Paula Wizniewski
Acadêmica de Licenciatura em Sociologia
  
  

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