CELIBATO NO CAMPO
No dia 10 de agosto, ocorreu em parceria com o CACS - Centro Acadêmico do Curso de Ciências Sociais mais uma exibição do Cineclube Universitário com o filme “Celibato no Campo” dos diretores Cassemiro Vitorino e Ilka Goldschmidt. Ao CACS, desde já os nossos agradecimentos pelo apoio ao Cineclube Universitário.
A temática do filme voltou seu foco para a questão do êxodo rural que vem aumentando gradativamente nos últimos tempos. Na sua grande maioria a faixa etária predominante que abandona o campo em vista dos estudos, da falta de oportunidades, é a juventude. Casar e residir com os pais para ajudá-los no serviço do campo, ou mesmo morar sozinho no campo, estudar e/ou trabalhar em outra cidade, maior valorização fora do campo, são algumas das opções que o jovem atualmente encontra retratadas pelo filme. A triste realidade dos inúmeros jovens que abandonam o campo para tentar conseguir “algo melhor na cidade grande”.
Sabe-se que a distância entre o campo e a cidade é muito grande, afirma o diretor Cassemiro Vitorino. No interior temos estradas de chão sem as mínimas condições de trafegabilidade, enquanto nas cidades o asfalto já é realidade há algumas décadas. A valorização financeira da mão-de-obra nos grandes centros é muito melhor se compararmos com aquilo que o pequeno produtor recebe ao comercializar aquilo que produziu. Além do mais, salientou um acadêmico, o que contribui para essa constante dificuldade do pequeno produtor rural não está somente centrado na diferença existente entre o campo e a cidade. É fato a competitividade existente entre os próprios produtores rurais, pois, o que está acontecendo nos últimos tempos nada mais é do que uma constante seleção dos melhores, no qual um produtor X produz mil suínos e mil produtores produzem um suíno. Sem contar que o acontecimento maior não está nos filhos, nas famílias saírem do campo e residirem na cidade por falta de reconhecimento por parte do governo ou mesmo das empresas, que erguem impérios à custa e suor do pequeno produtor. O fato do êxodo rural não é mais uma escolha dos agentes e sim uma expulsão silenciosa. É uma supressão silenciosa que vai acontecendo e favorecendo somente uma minoria de pessoas.

Voltar? Essa palavra para muitos nem é cogitada. Pois, as pessoas até poderão voltar, porém, já não se sentirão pertencentes a esse espaço, no qual nasceram e se criaram. Dessa forma, é possível concluir o porquê dos inúmeros casos de depressão entre outros problemas de saúde enfrentados por essa classe que já não possui mais a certeza do amanhã.
O pior de tudo é que na sua grande maioria pensamos estar ajudando os pequenos produtores rurais comprando produtos com o selo de orgânico ou até mesmo coloniais. Deveríamos estar cientes de imensidão do nosso erro, pois na nossa boa intenção estamos pelo produto que só selo de colonial tem, mas o produto em si é oriundo de grandes empresas. Uma vez que a vigilância sanitária condena a venda de produtos colônias sem o selo. E dessa forma resta-nos questionar como o produtor vai conseguir sobreviver vendendo o seu produto que não é de grande escala e ainda ter que colocar o selo identificador de produto colonial ou orgânico?

Pense nisso e até uma próxima!
Francisco Xavier Buehrmann
Acadêmico do Curso de Licenciatura em Filosofia
Ana Paula Wizniewski
Acadêmica do curso de Licenciatura em Ciências Socias